quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Lucky Luke contra Pinkerton


Prosseguindo a colaboração com o jornal “Público”, a Asa distribuiu no passado dia 18 de Outubro com o jornal, o álbum “Lucky Luke contra Pinkerton”, a mais recente aventura do cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra, lançada em França três dias antes, numa edição que conta com uma capa exclusiva desenhada por Achdé, de propósito para o mercado português. Uma estratégia comercial que a Asa tem seguido também com outras séries e que no caso deste último Lucky Luke vai mais longe do habitual, com três capas diferentes, duas delas exclusivas para Portugal, acompanhando as edições do Público e da FNAC, ficando a capa da edição francesa, que encima este post, reservada para a edição destinada ao mercado tradicional de livrarias.

Falecido em 2001, Morris, tal como Jacobs e ao contrário de Hergé, não deixou instruções expressas para que o seu herói morresse com ele, pelo que foi com naturalidade que a série continuou sem o seu criador original. A dupla escolhida pela editora Dargaud para prosseguir a série foi Laurent Gerra no texto e Achdé no desenho, autores que em 2004 se estrearam com “Lucky Luke no Quebeque”, álbum que veio trazer um novo fôlego a uma série bem necessitada dele, com resultados bastante superiores aos de Morris na fase final.
Neste quarto álbum post-Morris, o humorista Laurent Gerra cede o lugar a dois escritores franceses de sucesso, Daniel Pennac e Tonino Benacquista. Embora tenham construído uma sólida carreira no campo da literatura, os dois escritores e amigos de longa data, não são propriamente neófitos no campo da Banda Desenhada. Pennac assinou com Tardi o álbum “La Debauche”, que foi editado em 2000 em Portugal pela Terramar, com o título “A Sacanice”, enquanto Benacquista colaborou com Ferrandez, Barral e Berlion, na adaptação à BD de romances seus e em histórias originais. Mas a verdade é que, apesar da experiência, Pennac e Benacquista saem-se pior do que o novato Gerra nos três álbuns que assinou.
A história que coloca o velho cowboy solitário Lucky Luke contra a modernidade representada por Pinkerton e pela sua agência de detectives, cumpre o habitual “cadernos de encargos” da série. Temos uma personagem histórica, a presença dos Dalton e de Rantanplam, as tiradas de Jolly Jumper e as cenas de tiroteio habituais e alguns momentos de (relativo) humor, mas tudo soa demasiado requentado e a quilómetros da época de ouro em que Goscinny assinava os argumentos das aventuras do cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra. Achdé manifesta o seu profissionalismo habitual, enchendo as páginas de pormenores deliciosos, mas a história que ilustra está longe de deslumbrar. Esperemos que a próxima incursão de Pennac e Benacquista pela BD corra melhor…
(“Lucky Luke contra Pinkerton”, de Achdé, Pennac e Benacquista, Edições Asa, 48 pags, 9,99 €)
Versão integral do texto publicado no "Diário As Beiras" de 23/10/2010

2 comentários:

Unknown disse...

Viva,

Mantenho um blogue dedicado 'a partilha de revistas Lucky Luke, Asterix, Tintim (entre outras)...

Gostava de o convidar a visita-lo e se tiver oportunidade de colaborar.

http://tralhasvarias.blogspot.com

Fico a aguardar uma visita sua,

Cumps,
Gizmo

JML disse...

Caro Gizmo,

Obrigado pela visita! Visitarei o seu site, com certeza. Já quanto a colaborar, vai ser mais complicado, pois o tempo mal me chega para actualizar o meu blog com a frequência que desejaria...

Abraço,