sábado, 22 de setembro de 2012

O Hobbit em BD regressa às Livrarias


Antecipando a estreia, a 13 de Dezembro, do primeiro capítulo da nova trilogia cinematográfica que assinala o regresso de Peter Jackson à Terra Média, depois do estrondoso sucesso de “O Senhor Dos Anéis”, a Devir acaba de reeditar o “Hobbit”, a única adaptação à BD de um romance de J. R. R. Tolkien, numa nova edição em capa dura, com um formato maior e novas digitalizações.
Publicado pela primeira vez em 1937, o “Hobbit” foi pensado pelo seu autor como um livro para crianças, mas a complexidade do universo da Terra Média, onde decorre a acção, rapidamente cativou os leitores adultos e os editores, que pediram a Tolkien que escrevesse uma continuação, que viria a ser o clássico “O Senhor dos Anéis”. Ao contrário do “Senhor dos Anéis”, que “apenas” chegou ao cinema, o seu prelúdio, “O Hobbit” ainda antes de chegar ao grande ecrã, teve direito a uma adaptação em Banda Desenhada, feita por Charles Dixon e ilustrada por David Wenzel, publicada pela primeira vez nos EUA em 1990. Marcada pela fidelidade ao texto original de Tolkien, que Dixon mantém sempre que possível, esta adaptação à BD acaba por estar mais próxima do livro ilustrado do que da Banda Desenhada, até porque o traço, belíssimo, de David Wenzel, que já tinha abordado o universo de Tolkien, nas ilustrações que fez para o livro “Middle-Earth and the World of Tolkien Illustrated”, de Lin Carter, é bastante mais ilustrativo do que narrativo.
A Devir, que já em 2002 tinha editado uma primeira edição deste livro, em formato comic book e capa mole, que vendeu mais de 10.000 exemplares, afirmando-se como um dos maiores best-sellers da editora, inteligentemente, aproveitou a próxima estreia do filme de Peter Jackson para trazer o “Hobbit” de volta às Livrarias.
E se a nova edição tem um aspecto mais imponente, com formato maior, melhor encadernação e uma nova capa, que destaca o feiticeiro Gandalf, personagem bem conhecida de quem viu os filmes do “Senhor dos Anéis” (na capa da anterior edição da Devir, o destaque ia inteirinho para o dragão Smaug), já em relação às novas digitalizações usadas nesta edição, não tenho a certeza que tenha sido a melhor solução…
Embora, a acreditar no texto que a editora colocou na contracapa, as novas digitalizações apresentem “os tons das aguarelas originais em todo o seu esplendor”, a verdade é que as imagens perdem legibilidade, em relação à edição anterior, por estarem muito escuras, como se pode ver por esta splash page, com o dragão Smaug, que reproduzo em confronto, a partir das duas edições. O mesmo acontece com os cartuchos de texto, colocados em caixas transparentes que, se permitem não cortar o desenho que está por baixo, tornam a sua leitura bastante mais complicada, o que, num livro com este, em que texto é tanto e tão importante, é um pormenor a ter em atenção.
(“O Hobbit”, de J.R.R. Tolkien (adaptado por David Wenzel, Charles Dixon e Sean Deming), Devir,142 pags, 24,99 €)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 21/09/2012

2 comentários:

André Azevedo disse...

Caro João Lameiras,

Tenho reflectido muito sobre qual o melhor método de reprodução em BD, isto a propósito da observação que fez em relação às duas diferentes reproduções da arte do David Wenzel.

Deve-se ser o mais fiel possível à arte original ou então deve-se optimiza-la para uma melhor legibilidade?

Qual a sua opinião sobre isto?

JML disse...

Caro André,

o ideal seria conciliar as duas coisas, o que nem sempre é possível. Mas tendo em conta que a Banda Desenhada é feita para contar uma história ao leitor, deve-se, quanto a mim, optar pela solução de melhor legibilidade. Mas reconheço que é uma questão polémica e percebo a opção da Devir, embora não seja a que eu teria escolhido.