sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Super-Heróis DC 2 - Super-Homem: Contra o Mundo

GRANT MORRISON EXPLORA AS ORIGENS DO SUPER-HOMEM 
NO VOL. 2 DA COLECÇÃO SUPER-HERÓIS DC


Super-Heróis DC Vol 2
Super-Homem: Contra o Mundo
Argumento – Grant Morrison
Desenhos – Rags Morales e Andy Kubert
Quinta, 11 de Fevereiro
Por + 9,90 €
Tal como aconteceu com o primeiro volume, dedicado à Liga da Justiça, esta colecção continua a explorar as origens do universo Novos 52, desta vez mostrando os primeiros tempos de actividade do Super-Homem, ainda antes de ele possuir o uniforme que todos conhecemos e encontrar pela primeira vez os outros heróis, com quem vai formar a Liga da Justiça.
Um regresso ao passado, orquestrado por Grant Morrison, que foi originalmente publicado nos EUA em 2011, nos primeiros números da segunda série da revista Action Comics. Um título mítico e que não podia ser mais adequado para contar o início de actividade do Super-Homem, pois foi precisamente nas páginas da revista Action Comics, lançada em Abril de 1938, que surgiu o primeiro de todos os Super-Heróis, o Super-Homem, criado por Jerry Siegel e Joe Shuster, dois rapazes de Cleveland, que sem o saberem, tinham inventado um novo género de Banda Desenhada e dado início à Golden Age, a Era de Ouro das histórias de Super-Heróis. E, tal como a versão inicial de Siegel e Shuster, o Super-Homem de Morrison ainda não é o ser todo-poderoso que conhecemos actualmente, um herói invulnerável e de poderes quase divinos.
Nascido na Escócia, Morrison fez parte da célebre "invasão britânica" dos comics americanos, que levou inúmeros argumentistas da Grã-Bretanha a atravessar o Atlântico e a estabelecer-se nos EUA, onde vieram revolucionar o género. Os seus trabalhos para a Vertigo, tornaram-no conhecido, mas a fama chegaria com a novela gráfica do Batman, Arkham Asylum, ilustrada por Dave McKean.
Desde então, o argumentista tem sido responsável por algumas das mais importantes histórias protagonizadas por Batman, Super-Homem e a Liga da Justiça. Na anterior colecção que o Público e a Levoir dedicaram à DC, os leitores puderam apreciar o seu trabalho com a Liga da Justiça, em Terra 2, e com Batman, em Herança Maldita, mas o seu principal contributo para a mitologia do Homem de Aço, a série All Star Superman, criada em parceria com o ilustrador Frank Quitely, permanece inédita em Portugal.
Por oposição ao todo-poderoso herói de All Star Superman, o Super-Homem do volume que chega aos quiosques nacionais na próxima quinta-feira, é um “novo” Homem de Aço, cuja personalidade é um decalque intencional e modernizado da do herói dos anos 30, alguém que ainda não conhece a extensão dos seus poderes e está a começar a descobrir as suas origens. Como refere Morrison: “embora o jovem Kal El/Clark Kent soubesse desde pequeno que tinha sido encontrado nos destroços de uma nave espacial, não fazia ideia de onde é que essa nave tinha vindo. Tem um cobertor indestrutível que o protegeu em criança, antes dos seus poderes se começarem a desenvolver, mas não faz ideia se veio do espaço, de outra dimensão, ou da Rússia.”
Esse cobertor, que o jovem Super-Homem vai usar como capa, e que o próprio Morrison comparou ao cobertor usado por Linus, o famoso personagem da série Peanuts, como símbolo de segurança, é mesmo o único elemento reconhecível do uniforme do Homem de Aço, que aqui se apresenta vestido de calças de ganga, botas Doc Martens e T-shirt. Uma imagem que alguma crítica americana designou como “Bruce Springsteen’s Superman”, pelo evidente paralelo da imagem de working class hero partilhada pelo Super-Homem de Morrison e pelo famoso cantor e compositor americano.
O grande responsável pela nova imagem do Super-Homem de Morrison é o desenhador Americano Rags Morales, que os leitores portugueses conhecem dos dois volumes de Crise de Identidade, publicado numa colecção anterior. Um contributo reconhecido por Morrison, que refere: “Rags traz o seu talento prodigioso para a criação do ambiente e caracterização das personagens. O aspecto “Bruce Springsteen” surgiu porque queria dar resposta a algumas críticas mais recorrentes em relação ao Super-Homem. Que ele é demasiado poderoso, demasiado simpático e usa as cuecas por cima do uniforme. A ideia era regressar às suas origens como “campeão dos oprimidos”, daí a T-Shirt azul e os jeans. Queríamos contar a história de como este jovem herói de sangue na guelra, adquiriu o seu uniforme alienígena e se transformou no primeiro super-herói do mundo.”
Uma nova visão do Homem de Aço, mas onde não faltam referências à história do herói, como o sargento Casey, presença frequente nas páginas de Action Comics e Superman na Idade do Ouro; George Taylor, editor do Daily Star, o primeiro jornal em que Clark Kent trabalhou; ou a alusão aos três membros fundadores da Legião dos Super-Heróis que o visitavam no passado (os tais “dois homens e uma mulher loura”). Piscadelas de olho aos fãs, que ajudam a definir o “novo” Super-Homem de Morrison. Uma versão renovada do herói, que não esquece a longa história da personagem, nem os criadores que para ela contribuíram.
Texto publicado originalmente no jornal Público de 05/02/2016

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