sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Novela Gráfica II 13 - O Inverno do Desenhador


Devido a uma alteração de paginação de última hora, o texto que escrevi para o Público sobre o livro de Paco Roca, teve de ser editado para uma versão mais reduzida. por isso, este blog é o único sítio onde podem ler o texto integral.  Aqui vos deixo também (mas só em imagem) com a entrevista que fiz a Paco Roca a propósito da edição portuguesa, e que saiu em papel no Ípsilon de hoje.

A REVOLTA DOS DESENHADORES

Novela Gráfica – Vol. 13
O Inverno do Desenhador
08 de Setembro
Argumento e Desenho – Paco Roca
Por + 9,90€
Depois de Miguelanxo Prado e antes de Altarriba e Kim, esta segunda série da colecção Novela Gráfica dá destaque a outro grande nome da novela gráfica espanhola contemporânea, Paco Roca, autor de O Inverno do Desenhador, livro que chega às bancas na próxima quinta-feira.
Conhecido em Portugal pelo seu livro Rugas, uma belíssima reflexão sobre um tema delicado e cruel, a doença de Alzheimer, contada com um rigor que não se revela incompatível com a delicadeza e o humor, Paco Roca é um dos mais importantes autores espanhóis da actualidade. Nascido em Valência, em 1969, Roca estreou-se na BD em 1990, ilustrando capas para as revista El Vibora e Kiss Comics, da editorial La Cupula, onde saíram as suas primeiras histórias de BD, mas só no ano 2000 publicaria o seu livro de estreia, El Juego Lúgubre, um livro em que a personagem e a obra de Salvador Dali servem de ponto de partida para uma história policial com contornos (naturalmente) surrealistas e em que o seu estilo pessoal começa a despontar.
Publicado originalmente em Espanha em 2010, O Inverno do Desenhador, relata a história real de um grupo de cinco dos mais importantes desenhadores da Editorial Bruguera, na altura a maior editora de BD daquele país, que em 1957, em plena ditadura franquista, insatisfeitos com o pouco reconhecimento dado ao seu trabalho, numa época em os desenhadores não recebiam direitos de autor, nem tinham sequer o direito de conservar os seus próprios desenhos originais, decidiram sair e criar uma publicação própria, a revista Tío Vivo.
A aventura editorial de Guillermo Cifré, Carlos Conti, Josep Escobar, Eugenio Giner e José Peñarroya evoca no leitor contemporâneo a experiência americana da Image, fundada por um grupo de populares desenhadores, que abandonaram a Marvel para criar as suas próprias personagens, na sua própria editora, com o sucesso que se conhece. Mas no caso dos desenhadores de Tío Vivo, a Espanha franquista não era obviamente o sítio ideal para os criadores afirmarem os seus direitos e a aventura dos cinco desenhadores acabou por durar pouco mais de um ano e todos foram forçados a regressar à Bruguera que, por controlar os canais de distribuição, matou à nascença qualquer hipótese da revistas Tío Vivo se afirmar junto do grande público.
Paco Roca, que nem sequer era nascido em 1957, faz um notável trabalho de pesquisa e de investigação, que passou por ouvir os criadores ainda vivos, como Victor Mora, falecido este mês de Agosto, para além de uma aturada pesquisa histórica e iconográfica, para conseguir recriar com rigor a Barcelona de final da década de 50 do século XX, em que decorre a acção. O resultado é uma belíssima história, centrada num caso concreto espanhol, mas que reflecte a vontade universal de qualquer criador em ver devidamente reconhecido o seu trabalho.
Como bónus, a edição portuguesa, para além do muito informativo editorial de Pedro Bouça e dos posfácios de Paco Roca e Antoni Guiral, inclui também a história curta O Natal do Desenhador, publicada originalmente em 2010, na edição especial de Natal da revista semanal do jornal El Pais e que, pela primeira vez a nível mundial, surge no mesmo livro com a história principal. Mais um pormenor que torna verdadeiramente imperdível, aquela que é a mais completa edição de um livro incontornável.
Versão integral dos textos publicados no jornal Público de 02/09/2016 e no Ípsilon de 09/09/2016

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