sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Torpedo 1936 - Volume 4

TORPEDO EM CUBA

Torpedo 1936 – Vol. 4
Argumento – Enrique Sánchez Abulí
Desenhos – Jordi Bernet
Quinta, 22 de Fevereiro, Por + 11,99 €
A edição integral de Torpedo 1936 prossegue na próxima quinta-feira com a publicação do quarto volume. Um volume que compreende treze histórias publicadas originalmente no suplemento semanal do jornal espanhol El País e nas revistas Luca Torelli es Torpedo, Co & Co e Viñetas e só posteriormente reunidas em livro.
 O Sórdido e Lolita, as duas histórias que abrem este quarto volume, centram-se a juventude de Luca Torelli em Nova Iorque, e se a primeira mostra que, para Luca Torelli, a vingança é um prato que gosta de comer frio, já Lolita, pelo seu tema delicado (sexo com uma menor) foi censurada logo no jornal El País e nas edições originais francesa e americana da série, estando presente apenas nas mais recentes edições integrais a preto e branco, como é o caso desta edição portuguesa.
Mas não é só o passado de Torpedo, evocado também em O Alarve, que ficamos a conhecer melhor neste volume, pois também a infância de Rascal é recordada em Nem Tudo o que Seduz é Ouro, em que descobrimos que desde criança que o ajudante de Torpedo não tem sorte com as mulheres. O mesmo Rascal que em A Outra Face da Miúda, vai descobrir à sua custa que trabalhar com o Torpedo pode ter grandes desvantagens e em A Madrinha, se vai travestir para ajudar o seu patrão a levar em prática mais um plano de vingança durante um casamento.
Vou Cuspir na Vossa Tumba, história cujo título remete para o célebre romance de Vernon Sulivan (pseudónimo que Boris Vian usava nos seus romances policiais) é o perfeito exemplo do talento narrativo ímpar de Bernet, ao serviço de uma história sem qualquer diálogo, contada apenas com recurso às imagens e às onomatopeias. Entre as curiosidades deste volume, estão a história Uma, Duas e Três, que resume toda a vida de Luca Torelli em apenas uma página e Quem tem Medo do Lobo Mau, mais uma divertida homenagem da série ao cinema clássico, neste caso aos filmes de Walt Disney, que mostra que, se quisesse, Bernet poderia perfeitamente desenhar as personagens da Disney com o mesmo sucesso com que desenha histórias policiais.
E este quarto volume termina com Cuba, aventura longa em que Torpedo e Rascal trocam temporariamente o frio de Nova Iorque pelo calor da ilha do Pacífico, onde vão fazer um “serviço” para o milionário Francis Wyncoop, que se quer vingar de Jimmy Carlson, o seu antigo amante, que fugiu para Cuba, onde vive rodeado por um exército de guarda-costas.
Se o ano de 1936, presente no título da série, procura identificar a época em que decorre a acção, no caso desta última história, já estamos claramente no início da década de 50, pois a actividade da guerrilha, que levará à queda do regime de Fulgêncio Batista e à ascensão ao poder de Fidel Castro, em 1959, já está bastante activa, desempenhando mesmo um papel importante na intriga. Numa história em que o traço de Bernet evoluiu para um registo mais caricatural, as habituais referências ao cinema dão lugar à Banda Desenhada, evidente nos guarda-costas de Jimmy Carlson, que além de terem todos a mesma cara e estaturas diferentes, como os Dalton, que Goscinny criou para a série Lucky Luke, têm exactamente os mesmos nomes, faltando apenas um William para termos os quatro irmãos Dalton.
Publicado originalmente no jornal Público de 17/02/2018

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